terça-feira, 2 de novembro de 2010

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Outono
Já nada é como ontem, quase tudo é pior, e pior pode ser na mesma bom, ou suficiente, mas é pior. Luto, ou digo lutar, as árvores não perdem de livre vontade as folhas no Outono, mas perdem-nas, e ficam despidas, mas vivas. Consigo imaginar-me contigo amanhã, mas consigo imaginar-me sozinho também, gosto de ti, gosto muito de ti, e por isso te dou a verdade, ou pelo menos, a minha verdade, mais do que amar alguém, tu precisas de alguém para amar, alguém que tenha carne para abraçares e por quem te sacrificas e esperas igual, eu não, eu tenho encontrado a razão na mais profunda solidão, não me consigo prender a quem quer uma prisão. Lembro-me de te fazer surpresas, de contar os minutos para estar contigo, de te oferecer flores e de te escrever cartas desnecessárias, quando isso acaba, quase tudo acaba, menos o amor, se o houvesse. O amor, esse estado de profunda sensibilidade à vida e a tudo o nos rodeia, não desperta já quando estamos juntos, resta a melancolia, o efémero conforto do comodismo, o medo de mudar, e a saudade, essa eterna aliada do medo, porque a saudade, não tem medo.
Tudo o que vivemos será sempre nosso, só nosso, pelo menos enquanto houver memória, sabe bem a vida junto de ti, mas sinto que nunca houve amor, ou algo que se lhe assemelhe e realmente exista, e assim, por egoísmo, por mim, ou por ilusão, te digo, ou quis dizer, alguma coisa que entretanto esqueci, e por isso te foste embora, talvez nada mais importe agora.

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